segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

Revolução?

Sempre há gente dizendo que não se interessa por política, afirmando-se como “apolítica”. Geralmente, esse tipo de pessoa já tem preconceito (muitas vezes justificado) para com os políticos, afirmando que estes não prestam e, entra eleição, sai eleição, tudo continua na mesma e nada muda. Mas não é pelo fato da política andar ruim que o sujeito deve desinteressar-se.
Não se deve perder o interesse pela política porque, primeiramente, é ela que acaba por regular muito da vida de qualquer um. Exemplos? Foi a política quem regulamentou como deve ser nosso vestuário (ficar nu é atentado ao pudor), como devemos estudar (numa escola de ensino fundamental, com ensino presencial etc), como devemos nos casar (de maneira monogâmica), como devemos falar (a língua oficial do Brasil é o português) e por aí vai. Ser “apolítico” é não participar de nenhuma dessas discussões e permitir que alguém regulamente a sua vida. Não sei quanto ao leitor, mas não aceito passivamente o fato de alguém regulamentar essas coisas e eu não estar consciente disso.
Daí podemos esboçar o início de uma outra discussão: até que ponto é válido que alguém me “represente”? Até que ponto é válida essa forma de “democracia”, nascida de uma consciência burguesa de “liberdade”, amplamente apoiada por uma mídia tendenciosa que vende seus veículos a uma elite disposta a massificar suas idéias e sedimentar seu poder?
Enfim, o que se passa é que adentramos mais um ano de eleição e muito será dito. Cores partidárias e “apartidárias” serão tomadas, mas a discussão sobre o que permeia nosso sistema eleitoral será, como sempre, escamoteada. Continuaremos a ver a solução de nosso sistema eleitoral dentro desse ou daquele político, que, cedo ou tarde, nos decepcionará, pois o nosso problema reside em outros aspectos, como nosso sistema político e nossa mídia. Até quando ficaremos a mercê de messias e não traçamos uma melhoria política verdadeira?

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Febre Amarela

Olá a todos, caros leitores. Meu post dessa semana vem ao encontro de uma coisa que eu ouvi falar muito nessa semana: a tal da febre amarela. Fiquei sabendo que ela havia sido erradicada no Brasil em 1907, mas que agora voltou com vontade. Em alguns dos nossos países Hermanos a doença ainda existe e, dez dias antes de se viajar para lá, toma-se a vacina. O Chile é um exemplo. Dez dias porque é o tempo que a vacina leva para imunizar o ser humano. Inclusive, estrangeiros que virão ao Brasil para este Carnaval já estão sendo imunizados na Europa, Ásia, e EUA. O bom da vacina é que ela te deixa imune por dez anos. Esse nome, febre amarela, é dado porque a pele da pessoa infectada fica com um tom amarelado. Em tempo: você sabe qual o modo de transmissão da doença? Não? Pois é... muita gente não sabe, mas aqui eu já falo que é a picada de um mosquito do qual já ouvimos falar muito, o bendito do Aedes Aegypti, o mesmo da dengue.
Mas daí, me pergunto: o que acontece no Brasil? Um século depois da erradicação total da doença ela retorna? Em pontos isolados, é verdade, mas voltou já abatendo, até agora, sete pessoas. O Ministro da Saúde, José Gomes Temporão, diz para a nação não se alarmar, que não é o caso de corrermos aos postos de saúde para realizarmos uma vacinação em massa, e tudo mais. Engraçado ele dizer isso bem na semana em que viajou para Cuba com o Presidente, tendo sido ele já vacinado. O povo, na base do desespero, já está dormindo nas filas dos postos de saúde para não correr o risco, mesmo que o Ministro diga o contrário.
A empresa que fabrica a tal da vacina no Brasil é a Fundação Carlos Chagas, a mesma que exporta essas vacinas para os outros países americanos e africanos. Um porta-voz dessa empresa já se pronunciou, dizendo que a Fundação Carlos Chagas tem um compromisso com o Brasil e que pararam de exportar, por enquanto, até que o povo brasileiro já tenha sido imunizado. Mas como o povo será imunizado se o Ministro diz que não é necessário? Se o Ministro da Saúde diz que não haverá campanha de vacinação nenhuma, porque não é necessário, como o povo vai se precaver?
Agora, outra coisa interessante que fiquei sabendo esses dias: se houver uma campanha de vacinação, os bancos de sangue ficarão às moscas! Quase ninguém sabe, mas quem é vacinado contra a febre amarela não pode doar sangue! E agora, seu Ministro? Descobre um santo para cobrir outro? Penso que uma idéia interessante seria realizar um mutirão de vacinação e de doação de sangue. O sujeito vai para ser vacinado, mas antes disso, doa um litrinho de sangue num posto de coleta que estará montado ao lado do posto de vacinação. Com essa medida, os postos de sangue estariam bem abastecidos, lembrando que somos mais de 180 milhões de brasileiros...
O problema é que, mesmo com minhas medidas mirabolantes, outros problemas se criariam: onde estocar tanto sangue para que não se perca? Como produzir tanta vacina a toque de caixa, sem tecnologia para tal? É meu caro, parece que estamos num mato sem cachorro mesmo...

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

Donnie Darko

Numa época em que os filmes mais interessantes - deixando de lado os de diretores consagrados e verdadeiros mestres, como Woody Allen, Bergman, Kubrick, entre outros - são os que são baseados em quadrinhos, fica difícil esperar que haja algo que surpreenda e nos empolgue. Mas, indicado por um amigo, assisti ao filme Donnie Darko, de Richard Kelly. O filme, lançado em 2001, é simplesmente excelente.

Tratando de temáticas complexas como viagem no tempo, desígnios de Deus, livre-arbítrio, preconceitos etc, o filme impressiona em inúmeros aspectos, mas principalmente pela qualidade da fotografia, excelente parte musical, edição impecável e roteiro muito bem escrito. Richard Kelly trata o tema da viagem do tempo de uma maneira parecida como o mesmo tema é tratado em De Volta para o Futuro. Mas, diferentemente do filme do Dr. Emmet Brown, em Donnie Darko a viagem no tempo vem para ajudar o protagonista Donnie a resolver uma questão muito importante, que impacta na vida de muitas personagens da história.


Antes de fazer qualquer análise, prefiri postar esse "resuminho". Depois num post futuro, quem sabe, cabe fazer análises mais profundas; afinal, não faz sentido analisar algo que talvez poucas (ou nenhuma) pessoas que visitam esse blogue assistiram. Caso você assista e não entenda nada da primeira vez, não se preocupe, isso é normal. O ideal é que se assista o filme uma vez para familiarizar-se com ele e, depois com mais atenção, assista-se a Donnie Darko: Director's Cut, de 2004. Nesta versão há algumas cenas e trechos incluídos que ajudam - MUITO - a explicar o filme.


Vale ressaltar que Jack Gyllenhaal tem uma interpretação incrível no papel principal do filme. Alguns outros nomes bem conhecidos compõem a trama, tais como Drew Barrymore e Patrick Swayze.


Abraços.

domingo, 11 de novembro de 2007

01

É tentador observar o Capitão Nascimento, personagem do filme “Tropa de Elite”, como um herói. Isso porque ele é um sujeito incorruptível, disposto a cumprir sua “missão”, atuando firmemente na “guerra contra o crime”. Mas, se o homem fardado realiza um feito após o outro, o homem por trás da farda pressente que seus atos são ineficazes para acabar com sua “guerra”.
Em vários momentos da película, Capitão Nascimento reflete acerca do crime e de suas origens; ele foca suas reflexões em duas causas que seriam as principais: a polícia operando através de um sistema corrupto e o financiamento do tráfico pelo consumo de drogas. Uma vez que se imagina ter encontrado as causas para o crime, um herói as eliminaria e traria a paz para sua sociedade, o que não ocorre com Capitão Nascimento.
Ele nota um sistema corrupto, mas não o combate. O máximo que consegue fazer é praguejar e imaginar que, ao atuar pelo BOPE, está fora do sistema, quando, na verdade, tudo o que faz é compactuar com tal sistema ao colocar mais presos em cadeias superlotadas e mais corpos em cemitérios.
Com relação ao consumo de drogas, Capitão Nascimento se mostra mais impotente ainda. Ele apenas pode odiar os usuários e prendê-los, sem conseguir reduzir o número de viciados.
No fundo, o homem por trás da farda de Capitão pressente que não opera nas causas do crime. Então, acaba por embrutecer seu discurso, ao afirmar que participa de uma guerra, para, assim, tentar se enxergar como uma força que faz a diferença na sociedade.
Capitão Nascimento não é o homem fardado. É o homem impotente, incapaz de subir um penhasco, disposto a largar a polícia.

sexta-feira, 19 de outubro de 2007

Crítica dos Simpsons

Tempos atrás, com o lançamento do filme dos Simpsons, pipocaram vários artigos acerca do sucesso que faz esse seriado. A maioria das resenhas acabava por discorrer sobre o tom ácido e crítico da série, tom esse que, em tese, exporia as mazelas da sociedade norte-americana. Infelizmente, um olhar mais atento demonstra que a série defende o status quo norte-americano.
A princípio, personagens como o prefeito Quimby e o chefe Wiggum, além de muitos outros, aturariam de modo a demonstrar a precariedade das autoridades e de suas respectivas instituições. Com base na série, as instituições norte-americanas são comandadas por verdadeiros idiotas, sem preparo algum para seu cargo, possuindo interesses egoístas e mesquinhos. E aí reside o problema dessa tão decantada “crítica à sociedade norte-americana” presente n’Os Simpsons: ao focar-se nas personagens, nas autoridades, o seriado transfere todos os problemas das instituições para os seus respectivos funcionários. Assim, cria-se a idéia de que, se as instituições vão mal, basta trocar a sua autoridade, anulando toda e qualquer hipótese de que o problema da instituição possa ser inerente à sua estrutura. Em suma, a crítica feita pelo seriado é rasa, mal colocada, apenas ferindo os representantes da sociedade norte-americana ao invés de ferir a sociedade como um todo.
Como conseqüência de uma crítica rasa, “Os Simpsons” defende o status quo norte-americano. Isso porque, ao transferir os problemas da sociedade a seus representantes, a série acaba por valorizar suas estruturas e suas instituições. A cada episódio, o telespectador se reconforta ao saber que todos os problemas sociais residem naqueles que estão no poder. E ainda: a cada episódio, por mais que os laços familiares sejam estremecidos, por mais que a Springfield seja abalada, a série acaba por retornar a um estado inicial que ignora o ponto de chegada do episódio precedente; o telespectador consome uma mensagem de alta redundância, em que não há ponto de chegada, evolução narrativa. Trata-se do consumo de uma não-história.
“Os Simpsons”, série de sucesso que “critica” a sociedade norte-americana, deve seu sucesso justamente por não fazer nenhuma crítica séria. Pelo contrário, anseia o status quo e ajuda a mantê-lo.

segunda-feira, 8 de outubro de 2007

Welcome!

Nosso mundo é hoje, para mim, como um Grande Baile de Máscaras. Todos nós somos obrigados a usá-las para que consigamos passar pelo dia com um menor número de arranhões nas mesmas. No simples exercício de viver o dia, ao ir trabalhar, estudar ou mesmo passear, deparamo-nos com estas máscaras que nós mesmos usamos, além das outras que todos usam. E elas bailam, acompanhando seus donos, ou usuários, pelo salão da vida. Creio que não são falsas máscaras, visto que ninguém é legal o tempo todo, do mesmo modo que ninguém é mal humorado a vida inteira. São apenas máscaras que nosso cérebro aplica em nossas faces para atuarmos nesse baile, que mais parece um teatro da vida real.
O problema com elas é que nós não as enxergamos em sua totalidade. Apesar de serem externalizadas, nós só conseguiríamos enxergá-las se houvesse um espelho que refletisse o que há por dentro. Por dentro do ser, da alma, do pensamento. Esse espelho seria ótimo, mas acho que ficaríamos horrorizados com a imagem de certos pensamentos que pululam nossas mentes... por mais nobres que sejamos em nossos atos, nosso cérebro esconde de todos os outros os pensamento mais íntimos, mundanos, mesquinhos e malévolos que possuímos. Imagine só você como seria a imagem daquele pensamento de vingança que você alimenta contra aquele “idiota” que pegou seu cargo na empresa, ou aquele outro quando você inveja alguém, enfim, já imaginou? Pensamentos bons, sobre amizade, amor, saudade possuiriam lindos reflexos, mas aqueles outros supracitados...
Por isso imagino que neste “Casa dos Espelhos” cada um vai expor suas máscaras, sem pudores, sem medos. Bailaremos neste salão e atuaremos neste palco da vida real virtualmente. Nestes espelhos refletiremos tudo: físico ou abstrato; real ou imaginário; nobre ou impuro. E se você, diletíssimo leitor, é daqueles que só acredita no que vê, tente ver nessa “Casa” um espelho em que sua alma seja refletida e terá grandes surpresas.